sábado, 27 de dezembro de 2014

Autismo & Festas - será que combina?

Olá a todos!


Na postagem de hoje falarei um pouquinho sobre autismo  X  festas. 

Cada caso de autismo é um universo diferente. Não apenas por existirem diversos níveis nesse transtorno, mas por cada autista ser único!
Sabemos que muitos autistas se atrapalham e se desorganizam frente a locais muito cheios e barulhentos. Outros nem tanto. Mas por que será que acontece isso? Por que um ambiente pode tornar-se insuportável para um autista?

Costumo chamar de 'sobrecarga sensorial' quando um autista fica exposto em um ambiente ou situação que requer o uso extremo dos sentidos por parte dele. Ou seja, se em uma festa, ou casamento, por exemplo, o som estiver alto, o salão estiver cheio, cheiros de comida misturados, perfumes de pessoas, risadas, rostos estranhos, luzes, comida diferente, roupa apertada ou de tecido áspero. Todos esses exemplos mencionados envolvem os 5 sentidos: visão, audição, paladar, tato e olfato.
Numa festa, há um conjunto de informações sensoriais, onde o indivíduo precisa dar conta delas para compreender o contexto da situação em que se encontra. O que ocorre em alguns autistas é que a percepção sensorial é intensificada, gerando a sobrecarga. Em outros casos pode haver a falta da percepção, fazendo com que aquele ambiente, aquela festa, não seja compreendido ou interpretado corretamente.

Vou mostrar dois casos reais, de famílias com autistas que conheci.

Dudu estava completando 8 anos. Progredira na escola naquele ano, graças ao acompanhamento diário de sua nova mediadora escolar. Estava mais sociável, confiante. Dudu não verbaliza. Falou até os dois anos e meio e da noite para o dia parou. Entretanto comunica-se por meio de gestos, desenhos, expressões faciais. Dudu adorava ir a festas onde tinha algum local para que pudesse correr. Além disso gostava de salgadinhos e bolo de aniversário.
Seus pais decidiram então fazer uma festa de aniversário para ele no salão de festas do próprio prédio. Convidaram toda a família e alguns amigos. O tema do aniversário foi o time do Flamengo. Dudu conhecia bem o uniforme do time de coração de sua família, até já foi ao Maracanã! Copos, guardanapos, balões, bolo, tudo do flamengo. Mas, na hora de cantar o "parabéns pra você" a mãe solicitou que ninguém batesse palmas. O barulho das palmas colocaria tudo a perder. Dudu se desorganizaria e a festa não seria mais a mesma. Ele não suporta esse barulho. Todos compreenderam e cantaram a música do parabéns sem o acompanhamento das palmas. A festa do Dudu foi um sucesso!

Esse é o caso de um menino autista não verbal, que aceita sabores diferentes, locais com pessoas de rostos e vozes conhecidas, que teve sua festa no mesmo edifício onde mora. Seus pais fizeram tudo de uma forma que não o colocasse em sobrecarga sensorial, fizeram tudo de uma forma que ele pudesse não só suportar sua própria festa, mas também curtir esse momento.

O segundo caso

Dani tinha 10 anos e adorava Papai Noel. Na noite de natal do ano passado, a família combinou com um tio que ele se vestiria de bom velhinho e entregaria os presentes para as crianças. Dani não curtia muito festas em sua casa. Preferia as coisas organizadas e em silêncio por lá.
Quando a festa era na casa de outra pessoa ela gostava pois podia explorar lugares e objetos novos. Um amor de menina, super curiosa! Muito comunicativa. A fala tinha um comprometimento nas articulações, mas ela se fazia entender na maioria das vezes.
Mas quando se tratava de festa de Natal ela aceitava tranquilamente que fosse em sua casa, pois os convidados eram todos conhecidos e os presentes ficavam rodeando a árvore de Natal - ela sempre foi fascinada pela árvore e suas luzes.
Pouco depois da meia noite o Papai Noel chegou. Ela nunca havia visto o bom velhinho dentro de sua casa, apenas nos shoppings e supermercados, ou na tv. Dani ficou perplexa! E correu para seu quarto. Ficou caminhando na ponta dos pés de um lado para o outro. Seu pai foi até ela e lhe perguntou: "filha, você não está gostando da festa? Não gostou do Papai Noel?" E ela prontamente lhe respondeu: "Eu estou adorando pai! Só preciso ficar aqui no meu quarto um pouquinho!"

Nesse caso Dani precisou se isolar para fazer uma interpretação daquela ocasião. Informação sensorial muito intensificada a deixou confusa e ela foi processar a informação em seu quarto. 


E por falar em Natal...

Estamos no meio das festas de fim de ano! Presenciaremos diversas situações de autistas curtindo ou não gostando de ambientes com informações sensoriais sobrecarregadas. O importante é procurar tranquilizar o autista e oferecer-lhe um ambiente mais próximo de sua "normalidade", alterando o mínimo possível sua realidade, sua rotina de horários, entre outras.
No reveillón existe queima de fogos e isso pode desorientar e desorganizar algumas pessoas com autismo. Já outras podem achar fantástico e ficar observando as cores e os sons dos fogos lá no céu.


Boas Festas e um feliz 2015!
Abraços azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Férias & Autismo - a quebra da rotina

Bom dia a todos!

A postagem de hoje falará um pouquinho sobre a chegada das férias suas implicações na vida de nossos pequenos.

Para a grande maioria, as férias são aguardadas com grandes expectativas, planos e objetivos, como o de viajar, ou simplesmente descansar o corpo, dormir até mais tarde todos os dias, libertar-se de horários fixos para comer, dormir, estudar e trabalhar.

O que acontece é que com a chegada das férias e a quebra da rotina, os autistas se desorganizam de tal forma, que o período que poderia ser de descanso e tranquilidade pode transformar-se num caos desenfreado.
Autistas possuem uma grande necessidade de fixar-se à rotinas, horários e procedimentos. Tendem executar tarefas numa certa ordem. Se a família do autista modificar isso da noite para o dia, em função de férias, ou de qualquer outro acontecimento, ele não compreenderá e se desorganizará, gerando muito estresse para esse autista e para todo o ambiente familiar.
Quando se tem um autista em casa, a rotina de todos também muda. Existem muitas situações que dependem de outras para acontecer, como festas, visitas, reforma na casa, barulhos. Quem mora com um autista sabe que eventos cotidianos de uma pessoa qualquer não se aplicam a esta família azul.

Ok, então o que se deve fazer para tentar amenizar a quebra da rotina, para que ela não atrapalhe tanto o funcionamento de um autista?

A primeira iniciativa é a de conversar. Explique a ele que as férias estão chegando. Tenha sempre calendários ou agendas por perto, pois muitos autistas sentem-se seguros com a marcação da passagem do tempo. Ao visualizar os dias da semana e do mês, eles podem adaptar essas informações ao cérebro e fazer uma programação mental mais adequada.

Não mude a rotina da casa e seus hábitos rapidamente. As mudanças devem ser feitas de maneira gradual, para que não haja um choque por parte do autista. Horários para dormir e acordar, para refeições, para a medicação, devem ser mantidos no começo. As alterações podem vir aos poucos, com exceção da medicação, que deve ser ministrada no horário correto sempre.

Mostre ao autista que férias são sinônimo de alegria, passeios, festas de fim de ano, guloseimas, brincadeiras e entretenimento. Procure fazer uma programação e mostrar a ele, seja por meio de desenhos ou tabelas, enumerando sempre as atividades. Por exemplo, ao acordar, montar um quadro com as atividades que serão executadas hoje, marcando do número 1 ao 10:

1- acordar
2- piscina
3- almoçar
4- vídeo-game
5- visitar o primo
6- lanche
7- andar de bicicleta
8- tomar banho
9- jantar
10-dormir

Lembrando que este é apenas um pequeno exemplo. Tudo vai depender do grau de compreensão do autista. O planejamento não precisa necessariamente ter 10 atividades, podem conter menos, ou até mais e não precisam ser por escrito, já que alguns autistas não são alfabetizados, mas podem compreender a tabela por meio de desenhos.

É muito importante que os autistas sejam previamente avisados do que vai acontecer durante as férias. Um autista desorganizado e frustrado pode atrapalhar e muito uma viagem ou um evento, tornando o que poderia ser um momento maravilhoso e prazeroso em família, um verdadeiro caos.

Muitos autistas se apegam a determinados objetos e tendem a fazer todas as atividades de seu dia com o objeto perto. Não o separe desse objeto nas férias, procure um espaço na mala ou na bolsa para levá-lo. Dessa forma ele se sentirá mais seguro quando estiver com pessoas novas ou em locais novos.

E por falar em locais novos, as férias podem proporcionar ao autista momentos de descontração e de conhecer novos espaços como parques, zoológicos, museus, praias. Lembrando que alguns autistas não toleram locais muito cheios, e principalmente barulhentos, pois eles têm percepções sensoriais extremamente aguçadas. Se houver multidões e barulhos fortes, o autista pode se atrapalhar ao fazer a leitura daquela situação e colocar o passeio a perder. Portanto escolha locais calmos e dê preferência a visitá-los em horários mais tranquilos. Mas não deixe de apresentar-lhe um local novo que tenha coisas interessantes de se ver, pois estas novas experiências enriquecem o desenvolvimento dos autistas.

Estas foram pequenas dicas sobre como proceder nas férias quando se tem um autista em casa. Independente da idade ou do grau de comprometimento, é importante considerar que eles precisarão de orientação nesta época do ano!




Espero ter ajudado, um grande abraço e boas férias!

Loana Teixeira
Convívio Azul



sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O que significa "incluir" no ambiente escolar?

Olá a todos!

Achei bem interessante abordar este tema, principalmente pela época do ano que estamos. Mês de dezembro, período letivo nas escolas em fase de encerramento e matrículas para o próximo período letivo a todo vapor! Se para muitos pais de crianças sem qualquer tipo de transtorno isso é uma tarefa difícil, imaginem para pais de autistas...

São muitos fatores a serem considerados. A maioria preocupa-se com localização, infra estrutura da escola e preço, mas fatores como metodologia de ensino não passam e nem devem passar desapercebidos. Existem escolas que priorizam o ensino de idiomas, outras o preparatório para o vestibular, já outras são inclinadas ao construtivismo e muitas outras tradicionalistas. Independente da linha a ser seguida, as escolas sempre vacilam na mesma questão: o que significa incluir?

No discurso, as escolas mostram-se sempre dispostas a atender a criança com necessidades especiais pelo fato de isto já ser uma obrigação  legal. Entretanto a lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e altera o parágrafo 3° do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Entende-se como uma norma jurídica que explica como aplicar uma lei já em vigor, e que não pode ser contrariada. Sua criação é prerrogativa do Poder Executivo. 

Mesmo após o sancionamento da Presidente da República em 2012, diversos casos de escolas negando ou dificultando a vaga à autistas vieram à tona através da mídia. Gostaria de pedir, através deste espaço, que não deixem de denunciar escolas que venham a infringir esta lei, pois muitas tendem a enganar os pais alegando falta de pessoal, turmas lotadas, etc. A escola tem o DEVER de matricular qualquer criança e a partir do momento que essa matrícula se consolida, cabe à escola providenciar espaço adequado e profissionais capacitados.

Mas ainda não chegamos na parte da inclusão! Até agora falamos somente em seguir a legislação. Incluir não é obedecer a lei para não sofrer sanções. Incluir é um ato de amor (não confundir com caridade), é o ato de acolher a todos, sem exceção, independente de raça, classe social, condições físicas e psicológicas. É o ato de perceber que somos todos iguais e diferentes ao mesmo tempo e que devemos respeitar estas diferenças. Se pararmos para pensar, não deveria sequer existir lei de amparo ao Autista, pois a criança deve ser aceita e respeitada dentro do sistema de ensino, bem como na sociedade. Deveria ser algo latente do ser humano, o de sempre procurar proteger os indefesos.

Portanto, a escola não deve ocupar apenas o papel de educação assistencialista. Levar ao banheiro, ajudar a organizar o material didático, arrumar o lanchinho e só. É isso que muitas escolas fazem. Na hora do envolvimento com as tarefas pedagógicas e mesmo com as extra-curriculares, isolam o autista, uma vez que ele "atrapalha" o desenvolvimento do grupo. E assim a escola colabora cada vez mais para o atraso no desenvolvimento desta criança e para a diferenciação desta com os demais. Não preciso nem mencionar aqui, neste momento, que muitas escolas não percebem onde se inicia o bullying e depois que percebem não conseguem acabar com ele.

Pais, mães, avós, cuidadores de autistas em geral, não aceitem essas condições! Lutem para que seu autista tenha tratamento adequado no ambiente escolar! Escola não deve fazer favores. Escola tem que trabalhar junto às famílias e aos profissionais que assistem tais casos, procurando as melhores condições para o desenvolvimento de todos os alunos envolvidos nesse processo. A Escola recebe pra isso e coloca-se na posição humanitária que deve estar. Se a escola for pública, está recebendo verba do governo para que funcione. Se não estiver dentro dos parâmetros, denuncie.

Costumo dizer que criamos e educamos nossos filhos com amor e com todo o instinto presente dentro de nós. Mas, ao lidarmos com crianças no campo profissional, além de amor e instinto, devemos impor a ética e o respeito acima de tudo. Aquele que busca trabalhar com crianças, seja em escolas, hospitais, parques ou mesmo lojas de brinquedos, deve ser habilitado para tal função. Deve estar aberto à doçura, à ingenuidade, aos medos e receios, às dúvidas e anseios de todas as crianças que passarem pelo seu caminho. 



Então mãos à obra na busca de uma escola que respeite e que não pratique a falsa inclusão. Muita paciência será necessária! Procure cercar-se de pessoas que conheçam mais deste assunto e que possam indicar instituições adequadas, sejam escolas regulares ou especiais.


Um fim de semana azul para todos!
Abraços!

Loana Teixeira
Convívio Azul


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Depois do diagnóstico - uma nova realidade

Olá a todos!

A postagem de hoje é a continuação da publicação do dia 11/11. O que fazer após o diagnóstico de autismo? Será o diagnóstico uma sentença de vida? Haverá preparo para lidar com esta nova situação?

Bem, pra começar não devemos nos referir ao Autismo como uma 'sentença'. Apesar de diversas dificuldades que surgirão no caminho, nós podemos aprender bastante com pessoas que têm esse transtorno. É um desafio diário, mas com muitas compensações.

Os autistas são 'literais', ou seja, tudo para eles é ao pé da letra. Se você disser que está chovendo canivetes eles realmente pensarão que estes objetos estão caindo do céu! Por esse ângulo, o Autismo é prático, em minha opinião, porque torna tudo mais simples, sem rodeios, sem indiretas, sem ironias. Eles são objetivos e vão direto ao ponto.

Outra característica do autista é que dificilmente ele mentirá para você. Os sentimentos do autista são autênticos, ou seja, se ele gosta, ele gosta muito e vai demonstrar isso! Não haverá fingimentos. O mesmo ocorrerá se ele não gostar de alguém ou de alguma coisa.

Mas, voltando ao pós-diagnóstico, as primeiras semanas podem ser chocantes e de muitas dúvidas e angústias. Mas é hora de reagir e dar a volta por cima. Ver tudo que pode ser feito para que a criança tenha qualidade de vida e possa ser entendida em seu mundo e ao mesmo tempo trazida para o nosso mundo. Eu, particularmente não gosto de mencionar que autistas têm um mundo e nós temos outro. O mundo é um só. O que muda é o funcionamento cerebral, a forma como as pessoas com autismo enxergam esse mundo.

Você já ouviu falar em plasticidade cerebral?
É a capacidade que o cérebro tem de se adaptar à condições ambientais, experiências e estímulos. Todos nós temos e com os autistas não poderia ser diferente. Graças a plasticidade cerebral, podemos estimular, ensinar e motivar pessoas com transtornos de desenvolvimento, já que ela está em constante atividade, reformulando o cérebro a cada momento.

Por isso, precisamos acreditar antes de mais nada, que o autista é capaz sim de se desenvolver, cada qual dentro de suas possibilidades. Os autistas nos surpreendem a cada dia com suas capacidades. Logo, não os substime, pois eles são mais inteligentes do que imaginamos. E podem ir muito além de nossas expectativas.

Não há receita, mas minha sugestão é lidar com o Autismo com amor, dedicação, paciência e terapia, seja ela psicopedagógica, fonoaudiológica, ocupacional, equína, comportamental, ou atividades físicas. Aliás, é importante ver junto com o médico que atende o autista quais terapias seriam indicadas para ele e para o bolso da família.

E quanto a você, cuidador, pai, responsável por uma criança ou adulto autista, não hesite em procurar ajuda. Seja numa conversa informal, ou durante uma consulta ou mesmo buscando ajuda em terapia para si mesmo. Para que o autista esteja bem, é necessário em primeiro lugar que você fique bem.

Abraços azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sugestão de leitura!

Hoje vim falar a vocês a respeito de uma leitura fantástica! Não me canso de indicar este livro. Ele realmente me ajudou em alguns momentos de aflição a respeito do futuro do meu filho.
De linguagem simples e fácil de compreender, mostra casos reais de pacientes com autismo que, graças a terapias e assistência escolar satisfatória durante a infância e adolescência, obtiveram sucesso profissional e ferramentas para uma vida independente dentro da nossa sociedade.

Não é um livro que quer contar finais felizes. É um livro que mostra que com acompanhamento e AMOR, é possível encaminhar nossos autistas, cada qual dentro de suas possibilidades.

Chama-se 'Mundo Singular', escrito pelas psicólogas Ana Beatriz Barbosa Silva e Mayra Bonifácio Gaiato, juntamente com o psiquiatra Dr. Leandro Thadeu Reveles. Editora Fontanar.
Preço sugerido nas livrarias: R$39,90


Boa leitura!

Abraços Azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Psicopedagogia & Autismo: parceria que dá certo!

Hoje gostaria de falar um pouquinho sobre o papel da Psicopedagogia no tratamento do autismo! 

O psicopedagogo é o profissional que trata das questões de ensino-aprendizagem, oferecendo sua contribuição para um sucesso escolar da criança com autismo. Trata-se de fazer intervenções nos aspectos cognitivos, emocionais, corporais e sociais no indivíduo. O trabalho é amplo e fica mais completo se for feito de forma multidisciplinar! Profissionais como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas e psicólogos são algumas peças-chave para que a terapia do indivíduo com autismo tenha êxito.

Não podemos deixar de lado a família, já que o funcionamento dela interfere no autista e o autista interfere no funcionamento dela. Quando um indivíduo com autismo chega ao consultório psicopedagógico, o acompanhamento passa a ser para todos os envolvidos no processo! Pais, irmãos, avós, professores, entre outros.

A psicopedagoga torna-se uma forte aliada no tratamento do autismo. Mas antes, aqui vai uma realidade muito importante a dizer: o autismo não tem cura! O tratamento existe para que diversos sintomas possam ser amenizados, outros erradicados e outros estabilizados, a fim de proporcionar ao autista melhor qualidade de vida e adaptação às regras sociais.

Hoje, dia 12 de novembro, não poderia deixar de parabenizar os profissionais desta linda profissão. 
Sou Psicopedagoga, carioca da gema, 34 anos, mãe do Vitor, autista, de 8 anos.
Parabéns a vocês, que fazem com amor esse lindo trabalho!






Oração da criança especial

 Bem aventurados os que compreendem o meu estranho passo a caminhar e minhas mãos atrofiadas.
Bem aventurados os que sabem que meus ouvidos têm que se esforçar para compreender o que ouvem.
Bem aventurados os que compreendem que ainda que meus olhos brilhem, minha mente é lenta.
Bem aventurados os que olham e não vêem a comida que deixo cair fora do prato.
Bem aventurados os que, com um sorriso nos lábios, me estimulam a tentar mais uma vez.
Bem aventurados os que nunca me lembram que hoje fiz a mesma pergunta duas vezes.
Bem aventurados os que compreendem que me é difícil converter em palavras o meu pensamento.
Bem aventurados o que escutam, pois eu também tenho algo a dizer.
Bem aventurados os que sabem o que sente meu coração embora não possa expressar.
Bem aventurados o que me amam como eu sou, tão somente como sou e não como eles gostariam que eu fosse.

Abraços azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Mas afinal, o que é autismo?

Muito tem se falado em autismo ultimamente, mas a falta de conhecimento sobre esse assunto ainda é assustador!
É muito comum, ao dizermos que nosso filho é autista, escutar do outro lado a seguinte frase:
- "Nossa, mas nem parece!"

E como deveria parecer um autista? Afinal, o que é autismo?

O autismo é um transtorno global de desenvolvimento, na maior parte das vezes percebido na primeira infância. As pessoas com autismo sofrem alterações no desenvolvimento da comunicação e da socialização. Entretanto, muitas crianças autistas possuem inteligência e sistema cognitivo intactos, enquanto outras apresentam déficit intelectual avançado.


Símbolo do autismo: fita de quebra-cabeça


Sintomas

Muitos são os sintomas apresentados na primeira infância (0 a 3 anos) que possibilitam aos pais, cuidadores e educadores a detecção de características autísticas. Aqui seguem os principais, considerados marcantes e de grande relevância nas avaliações:

- dificuldade de relacionamento com outras pessoas
- falta de interesse em brincar com outras crianças de sua faixa etária
- atraso no desenvolvimento da linguagem
- ecolalia (repetição de palavras ou frases)
- preferência pelo isolamento (prefere ficar sozinho)
- caminhar na ponta dos pés
- contato visual diferente dos demais (pode ser pouco ou nenhum)
- ausência de noção de perigo 
- fixação por determinados objetos (pode descontrolar-se se o objeto lhe for tirado)
- acessos de raiva sem razão aparente
- desorganização sensorial (principalmente tátil e auditiva)

Segundo a ASA (Autism Society of America), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas.

Levando ao especialista


É muito comum que  professores de crianças com suspeita de autismo solicitem à família uma avaliação, já a escola é o local onde a criança passa muitas horas de seu dia, tornando-se mais perceptível certas dificuldades como comunicação, interação com outras crianças e respostas aos métodos convencionais de ensino. Geralmente são as crianças são encaminhadas à neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos ou psiquiatras infantis.
Uma avaliação única e rápida não pode indicar as reais habilidades da criança. O ideal é que uma equipe de diferentes especialistas avalie a criança com suspeita de autismo. Fatores que comumente são analisados:

- habilidades de pensamento
- habilidades motoras
- desempenho escolar
- desenvolvimento social
- comunicação
- histórico familiar

“O autismo não é um transtorno com uma causa, mas um grupo de transtornos relacionados com muitas causas diferentes”

Autismo: Manual para as Famílias – Autism Speaks


Causas do Autismo

Embora atualmente seja possível diagnosticar o autismo mais facilmente, pouco se sabe sobre suas causas. Fala-se muito sobre causas genéticas, quando algumas acontecem espontaneamente e outras são herdadas. Entretanto estudos recentes indicam também que o autismo não é regido apenas por causas genéticas. Diversos estudos tentam provar que a origem do autismo também poderia ter explicações nas causas ambientais no desenvolvimento do feto como stress, infecções, exposição a substâncias químicas tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos.

Existe um mito sobre o autismo que diz que pessoas autistas não desejam relacionar-se e preferem o isolamento vivendo apenas em seu próprio mundo. Na realidade este 'desinteresse' é facilmente confundido com 'dificuldade'. Como o autista pode ter grandes dificuldades em dar continuidade a diálogos e em expressar seus sentimentos, as pessoas interpretam que eles desejam o isolamento.


Acho que meu filho é autista, e agora?

Para ajudar uma criança com suspeita de autismo, o primeiro passo é a aceitação de que ela precisa de ajuda. Alguns ajustes ao longo de sua vida precisarão ser feitos, já que vivemos numa sociedade onde há regras e pessoas com autismo precisam adaptar-se às mesmas.
O preconceito impede o avanço de qualquer tentativa de tratamento!
Com amor e paciência a criança consegue ser estimulada e sentir-se mais segura! 
Procure cercar-se de profissionais que entendam do assunto, procurando mais de uma opinião. Participar de grupos de ajuda e de pais que encontram-se na mesma situação pode ser muito útil para a troca de experiências.

Nas próximas postagens estarei falando um pouquinho mais sobre a 'pós-descoberta' do autismo e seu impacto na família, bem como sugestões de livros, filmes e as atuais opções de tratamento.

Abraços azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul



Por que Convívio Azul?

Olá a todos!

Ha algum tempo vinha pensando num nome bacana para o blog. Contudo, todos os nomes que me vinham à cabeça já estavam em uso. Foi então que comecei a pensar em palavras-chave do autismo, como ser, conhecer, aprender e... conviver!

O azul foi designado como a cor oficial do Autismo por tratar-se de um transtorno mais comum em meninos. A proporção atual é de 4 meninos para cada menina.

Percebe-se que há uma grande necessidade de concentrar informações sobre o tema Autismo para os pais e familiares, já que existem muitas informações "pingadas" na internet e muitas delas sem qualquer embasamento teórico-científico. Também é importante que exista um espaço para trocas e dúvidas entre os pais, profissionais e interessados no assunto. Dessa forma todos saem ganhando!

Por fim, Convívio Azul nasceu de um conjunto de idéias com a finalidade de pesquisar, divulgar e compartilhar sobre este transtorno tão enigmático e  desafiador que é o Autismo. Afinal, pra conhecer é preciso conviver!

"A ignorância é a maior multinacional do mundo."
Paulo Francis

Abraços azuis!


Loana Teixeira
Convívio Azul