quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Depois do diagnóstico - uma nova realidade

Olá a todos!

A postagem de hoje é a continuação da publicação do dia 11/11. O que fazer após o diagnóstico de autismo? Será o diagnóstico uma sentença de vida? Haverá preparo para lidar com esta nova situação?

Bem, pra começar não devemos nos referir ao Autismo como uma 'sentença'. Apesar de diversas dificuldades que surgirão no caminho, nós podemos aprender bastante com pessoas que têm esse transtorno. É um desafio diário, mas com muitas compensações.

Os autistas são 'literais', ou seja, tudo para eles é ao pé da letra. Se você disser que está chovendo canivetes eles realmente pensarão que estes objetos estão caindo do céu! Por esse ângulo, o Autismo é prático, em minha opinião, porque torna tudo mais simples, sem rodeios, sem indiretas, sem ironias. Eles são objetivos e vão direto ao ponto.

Outra característica do autista é que dificilmente ele mentirá para você. Os sentimentos do autista são autênticos, ou seja, se ele gosta, ele gosta muito e vai demonstrar isso! Não haverá fingimentos. O mesmo ocorrerá se ele não gostar de alguém ou de alguma coisa.

Mas, voltando ao pós-diagnóstico, as primeiras semanas podem ser chocantes e de muitas dúvidas e angústias. Mas é hora de reagir e dar a volta por cima. Ver tudo que pode ser feito para que a criança tenha qualidade de vida e possa ser entendida em seu mundo e ao mesmo tempo trazida para o nosso mundo. Eu, particularmente não gosto de mencionar que autistas têm um mundo e nós temos outro. O mundo é um só. O que muda é o funcionamento cerebral, a forma como as pessoas com autismo enxergam esse mundo.

Você já ouviu falar em plasticidade cerebral?
É a capacidade que o cérebro tem de se adaptar à condições ambientais, experiências e estímulos. Todos nós temos e com os autistas não poderia ser diferente. Graças a plasticidade cerebral, podemos estimular, ensinar e motivar pessoas com transtornos de desenvolvimento, já que ela está em constante atividade, reformulando o cérebro a cada momento.

Por isso, precisamos acreditar antes de mais nada, que o autista é capaz sim de se desenvolver, cada qual dentro de suas possibilidades. Os autistas nos surpreendem a cada dia com suas capacidades. Logo, não os substime, pois eles são mais inteligentes do que imaginamos. E podem ir muito além de nossas expectativas.

Não há receita, mas minha sugestão é lidar com o Autismo com amor, dedicação, paciência e terapia, seja ela psicopedagógica, fonoaudiológica, ocupacional, equína, comportamental, ou atividades físicas. Aliás, é importante ver junto com o médico que atende o autista quais terapias seriam indicadas para ele e para o bolso da família.

E quanto a você, cuidador, pai, responsável por uma criança ou adulto autista, não hesite em procurar ajuda. Seja numa conversa informal, ou durante uma consulta ou mesmo buscando ajuda em terapia para si mesmo. Para que o autista esteja bem, é necessário em primeiro lugar que você fique bem.

Abraços azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sugestão de leitura!

Hoje vim falar a vocês a respeito de uma leitura fantástica! Não me canso de indicar este livro. Ele realmente me ajudou em alguns momentos de aflição a respeito do futuro do meu filho.
De linguagem simples e fácil de compreender, mostra casos reais de pacientes com autismo que, graças a terapias e assistência escolar satisfatória durante a infância e adolescência, obtiveram sucesso profissional e ferramentas para uma vida independente dentro da nossa sociedade.

Não é um livro que quer contar finais felizes. É um livro que mostra que com acompanhamento e AMOR, é possível encaminhar nossos autistas, cada qual dentro de suas possibilidades.

Chama-se 'Mundo Singular', escrito pelas psicólogas Ana Beatriz Barbosa Silva e Mayra Bonifácio Gaiato, juntamente com o psiquiatra Dr. Leandro Thadeu Reveles. Editora Fontanar.
Preço sugerido nas livrarias: R$39,90


Boa leitura!

Abraços Azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Psicopedagogia & Autismo: parceria que dá certo!

Hoje gostaria de falar um pouquinho sobre o papel da Psicopedagogia no tratamento do autismo! 

O psicopedagogo é o profissional que trata das questões de ensino-aprendizagem, oferecendo sua contribuição para um sucesso escolar da criança com autismo. Trata-se de fazer intervenções nos aspectos cognitivos, emocionais, corporais e sociais no indivíduo. O trabalho é amplo e fica mais completo se for feito de forma multidisciplinar! Profissionais como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas e psicólogos são algumas peças-chave para que a terapia do indivíduo com autismo tenha êxito.

Não podemos deixar de lado a família, já que o funcionamento dela interfere no autista e o autista interfere no funcionamento dela. Quando um indivíduo com autismo chega ao consultório psicopedagógico, o acompanhamento passa a ser para todos os envolvidos no processo! Pais, irmãos, avós, professores, entre outros.

A psicopedagoga torna-se uma forte aliada no tratamento do autismo. Mas antes, aqui vai uma realidade muito importante a dizer: o autismo não tem cura! O tratamento existe para que diversos sintomas possam ser amenizados, outros erradicados e outros estabilizados, a fim de proporcionar ao autista melhor qualidade de vida e adaptação às regras sociais.

Hoje, dia 12 de novembro, não poderia deixar de parabenizar os profissionais desta linda profissão. 
Sou Psicopedagoga, carioca da gema, 34 anos, mãe do Vitor, autista, de 8 anos.
Parabéns a vocês, que fazem com amor esse lindo trabalho!






Oração da criança especial

 Bem aventurados os que compreendem o meu estranho passo a caminhar e minhas mãos atrofiadas.
Bem aventurados os que sabem que meus ouvidos têm que se esforçar para compreender o que ouvem.
Bem aventurados os que compreendem que ainda que meus olhos brilhem, minha mente é lenta.
Bem aventurados os que olham e não vêem a comida que deixo cair fora do prato.
Bem aventurados os que, com um sorriso nos lábios, me estimulam a tentar mais uma vez.
Bem aventurados os que nunca me lembram que hoje fiz a mesma pergunta duas vezes.
Bem aventurados os que compreendem que me é difícil converter em palavras o meu pensamento.
Bem aventurados o que escutam, pois eu também tenho algo a dizer.
Bem aventurados os que sabem o que sente meu coração embora não possa expressar.
Bem aventurados o que me amam como eu sou, tão somente como sou e não como eles gostariam que eu fosse.

Abraços azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Mas afinal, o que é autismo?

Muito tem se falado em autismo ultimamente, mas a falta de conhecimento sobre esse assunto ainda é assustador!
É muito comum, ao dizermos que nosso filho é autista, escutar do outro lado a seguinte frase:
- "Nossa, mas nem parece!"

E como deveria parecer um autista? Afinal, o que é autismo?

O autismo é um transtorno global de desenvolvimento, na maior parte das vezes percebido na primeira infância. As pessoas com autismo sofrem alterações no desenvolvimento da comunicação e da socialização. Entretanto, muitas crianças autistas possuem inteligência e sistema cognitivo intactos, enquanto outras apresentam déficit intelectual avançado.


Símbolo do autismo: fita de quebra-cabeça


Sintomas

Muitos são os sintomas apresentados na primeira infância (0 a 3 anos) que possibilitam aos pais, cuidadores e educadores a detecção de características autísticas. Aqui seguem os principais, considerados marcantes e de grande relevância nas avaliações:

- dificuldade de relacionamento com outras pessoas
- falta de interesse em brincar com outras crianças de sua faixa etária
- atraso no desenvolvimento da linguagem
- ecolalia (repetição de palavras ou frases)
- preferência pelo isolamento (prefere ficar sozinho)
- caminhar na ponta dos pés
- contato visual diferente dos demais (pode ser pouco ou nenhum)
- ausência de noção de perigo 
- fixação por determinados objetos (pode descontrolar-se se o objeto lhe for tirado)
- acessos de raiva sem razão aparente
- desorganização sensorial (principalmente tátil e auditiva)

Segundo a ASA (Autism Society of America), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas.

Levando ao especialista


É muito comum que  professores de crianças com suspeita de autismo solicitem à família uma avaliação, já a escola é o local onde a criança passa muitas horas de seu dia, tornando-se mais perceptível certas dificuldades como comunicação, interação com outras crianças e respostas aos métodos convencionais de ensino. Geralmente são as crianças são encaminhadas à neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos ou psiquiatras infantis.
Uma avaliação única e rápida não pode indicar as reais habilidades da criança. O ideal é que uma equipe de diferentes especialistas avalie a criança com suspeita de autismo. Fatores que comumente são analisados:

- habilidades de pensamento
- habilidades motoras
- desempenho escolar
- desenvolvimento social
- comunicação
- histórico familiar

“O autismo não é um transtorno com uma causa, mas um grupo de transtornos relacionados com muitas causas diferentes”

Autismo: Manual para as Famílias – Autism Speaks


Causas do Autismo

Embora atualmente seja possível diagnosticar o autismo mais facilmente, pouco se sabe sobre suas causas. Fala-se muito sobre causas genéticas, quando algumas acontecem espontaneamente e outras são herdadas. Entretanto estudos recentes indicam também que o autismo não é regido apenas por causas genéticas. Diversos estudos tentam provar que a origem do autismo também poderia ter explicações nas causas ambientais no desenvolvimento do feto como stress, infecções, exposição a substâncias químicas tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos.

Existe um mito sobre o autismo que diz que pessoas autistas não desejam relacionar-se e preferem o isolamento vivendo apenas em seu próprio mundo. Na realidade este 'desinteresse' é facilmente confundido com 'dificuldade'. Como o autista pode ter grandes dificuldades em dar continuidade a diálogos e em expressar seus sentimentos, as pessoas interpretam que eles desejam o isolamento.


Acho que meu filho é autista, e agora?

Para ajudar uma criança com suspeita de autismo, o primeiro passo é a aceitação de que ela precisa de ajuda. Alguns ajustes ao longo de sua vida precisarão ser feitos, já que vivemos numa sociedade onde há regras e pessoas com autismo precisam adaptar-se às mesmas.
O preconceito impede o avanço de qualquer tentativa de tratamento!
Com amor e paciência a criança consegue ser estimulada e sentir-se mais segura! 
Procure cercar-se de profissionais que entendam do assunto, procurando mais de uma opinião. Participar de grupos de ajuda e de pais que encontram-se na mesma situação pode ser muito útil para a troca de experiências.

Nas próximas postagens estarei falando um pouquinho mais sobre a 'pós-descoberta' do autismo e seu impacto na família, bem como sugestões de livros, filmes e as atuais opções de tratamento.

Abraços azuis!

Loana Teixeira
Convívio Azul



Por que Convívio Azul?

Olá a todos!

Ha algum tempo vinha pensando num nome bacana para o blog. Contudo, todos os nomes que me vinham à cabeça já estavam em uso. Foi então que comecei a pensar em palavras-chave do autismo, como ser, conhecer, aprender e... conviver!

O azul foi designado como a cor oficial do Autismo por tratar-se de um transtorno mais comum em meninos. A proporção atual é de 4 meninos para cada menina.

Percebe-se que há uma grande necessidade de concentrar informações sobre o tema Autismo para os pais e familiares, já que existem muitas informações "pingadas" na internet e muitas delas sem qualquer embasamento teórico-científico. Também é importante que exista um espaço para trocas e dúvidas entre os pais, profissionais e interessados no assunto. Dessa forma todos saem ganhando!

Por fim, Convívio Azul nasceu de um conjunto de idéias com a finalidade de pesquisar, divulgar e compartilhar sobre este transtorno tão enigmático e  desafiador que é o Autismo. Afinal, pra conhecer é preciso conviver!

"A ignorância é a maior multinacional do mundo."
Paulo Francis

Abraços azuis!


Loana Teixeira
Convívio Azul