O tema de hoje é extremamente apropriado para a época: a volta às aulas.
A busca da escola ideal
para uma criança autista é uma tarefa árdua e muitas vezes resulta em escolhas
que, mais tarde, causam frustração em pais e professores.
A
incidência de autismo, nos EUA, em 2006, era de 1 para cada 110 nascimentos, de
acordo com o Center of Disease Control and Prevention. Em 2010, conforme
pesquisa do governo dos EUA, os casos de autismo subiram para 1 em cada 68
crianças com 8 anos de idade.
O
número tende a crescer ainda mais. Mesmo o autismo podendo ser detectado aos 2
anos de idade, a maioria dos casos só é detectada a partir dos 4 anos.
As
maior parte das escolas não apresentam preparo técnico e emocional para receber
crianças com autismo. Apesar dos número alarmantes, muitos profissionais da
Educação não sabem explicar o que é o autismo e como lidar com as crianças
portadoras desse transtorno.
O
autismo afeta três áreas de suma importância no desenvolvimento da criança:
comunicação, socialização e comportamento. Essas áreas são trabalhadas no
ambiente escolar, exigindo do professor um conhecimento mais aprofundado do
transtorno em questão.
Os
autistas possuem uma sensibilidade sensorial fora do comum. Eles podem ter
aversão a determinados alimentos simplesmente pela sua textura. Assim como
determinadas roupas, dependendo do tecido, causam grande estresse na criança,
se for obrigada a usa-la. Ao mesmo tempo que possuem tal sensibilidade
sensorial, os autistas possuem uma aparente resistência à dor, manifestando
choro ao se machucar somente em último caso.
Muitos
confundem o autismo com crises de birra. Entretanto, quando uma criança autista
entra em desorganização consigo mesma e com o ambiente, é necessário
tranquiliza-la ao invés de critica-la e puni-la. Não significa que a criança
deve fazer o que bem entende, mas ao seu lado ela necessita de um adulto que a
compreenda e que lhe passe segurança. Se a comunicação e a socialização são as
áreas mais afetadas no autismo, é evidente que ao se estressar e ao se
desorganizar, a criança não saberá como fazê-lo e se manifestará de forma
“socialmente inadequada”.
Seguem
algumas características do autismo:
1.Dificuldade
de relacionamento com outras crianças;
2.Riso
inapropriado;
3.Pouco
ou nenhum contato visual;
4.Aparente
insensibilidade à dor;
5.Preferência
pela solidão; modos arredios;
6.Rotação
de objetos;
7.Inapropriada
fixação em objetos (apalpá-los insistentemente, mordê-los);
8.Perceptível
iteratividade ou extrema inatividade;
9.Ausência
de resposta aos métodos normais de ensino;
10.Insistência
em repetição, resistência em mudança de rotina;
11.Não
tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo);
12.Procedimento
com poses bizarras (fixar objetos ficando de cócoras; colocar-se de pé numa
perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de
uma determinada maneira os alisares…);
13.Ecolalia
(repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal);
14.Recusa
colo ou afagos;
15.Age
como se estivesse surdo;
16.Dificuldade
em expressar necessidades (usa gesticular e apontar no lugar de palavras);
17.
Acesso de raiva (demonstra extrema aflição sem razão aparente);
Vale
a pena ressaltar que nem todos os autistas apresentarão todas as
características mencionadas acima.
Os
autistas costumam parecer alheios às situações de ensino-aprendizagem, mas
muitas vezes eles estão ouvindo e prestando atenção de um jeito único. São auto
didatas e possuem facilidade com o aprendizado de idiomas e informática.
È
importante que a escola rompa as barreiras, pois quando
você rotula, as pessoas não vão espontaneamente ajudar a romper tais barreiras;
ao passo que, quando não se sabe que a criança é autista, há curiosidade para
essa conquista.
O ingresso de uma criança autista em escola regular é um
direito garantido por lei, como aponta o capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), que trata sobre a
Educação Especial.
O fato
da escola receber uma criança autista é um desafio no cenário da Educação em
nosso país, já que a escola atual não é feita para todos. Na inclusão, não é a criança que se adapta à escola, mas a
escola que para recebê-la deve se transformar.
Entretanto, para que a escola possa desempenhar um bom papel,
o trabalho deve ser multidisciplinar. A equipe que trabalha com a criança
autista deve ser formada de professores, terapeutas e o médico responsável.
Os autistas possuem habilidades fantásticas, e é nelas que o
profissional da Educação deve se pautar, deve investir.Se você é pai/mãe de Autista, tem a importante missão de disseminar o tema Autismo nas escolas e na sociedade em geral. Geralmente os pais são os que mais possuem conhecimento sobre esse transtorno tão enigmático. Médicos, muitas vezes, não possuem preparo e informações suficientes, como a rotina de uma criança autista, a parte educacional e social. Já levei meu filho, hoje com 10 anos, a diversos pediatras que não tinham experiência com Autismo, mesmo com crescentes números de casos pelo Brasil e mundo afora.
Se você é profissional da Educação, saiba que você pode mudar o cenário atual em sua escola, conquistando esse aluno pelo simples fato de entender suas limitações, mas acima de tudo que ele é uma criança que merece o respeito como qualquer outra. Professor, você pode mudar a vida de muitas crianças, tenham elas autismo ou não! Pense nisso!
Abraços azuis!
Loana Teixeira