sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O que significa "incluir" no ambiente escolar?

Olá a todos!

Achei bem interessante abordar este tema, principalmente pela época do ano que estamos. Mês de dezembro, período letivo nas escolas em fase de encerramento e matrículas para o próximo período letivo a todo vapor! Se para muitos pais de crianças sem qualquer tipo de transtorno isso é uma tarefa difícil, imaginem para pais de autistas...

São muitos fatores a serem considerados. A maioria preocupa-se com localização, infra estrutura da escola e preço, mas fatores como metodologia de ensino não passam e nem devem passar desapercebidos. Existem escolas que priorizam o ensino de idiomas, outras o preparatório para o vestibular, já outras são inclinadas ao construtivismo e muitas outras tradicionalistas. Independente da linha a ser seguida, as escolas sempre vacilam na mesma questão: o que significa incluir?

No discurso, as escolas mostram-se sempre dispostas a atender a criança com necessidades especiais pelo fato de isto já ser uma obrigação  legal. Entretanto a lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e altera o parágrafo 3° do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Entende-se como uma norma jurídica que explica como aplicar uma lei já em vigor, e que não pode ser contrariada. Sua criação é prerrogativa do Poder Executivo. 

Mesmo após o sancionamento da Presidente da República em 2012, diversos casos de escolas negando ou dificultando a vaga à autistas vieram à tona através da mídia. Gostaria de pedir, através deste espaço, que não deixem de denunciar escolas que venham a infringir esta lei, pois muitas tendem a enganar os pais alegando falta de pessoal, turmas lotadas, etc. A escola tem o DEVER de matricular qualquer criança e a partir do momento que essa matrícula se consolida, cabe à escola providenciar espaço adequado e profissionais capacitados.

Mas ainda não chegamos na parte da inclusão! Até agora falamos somente em seguir a legislação. Incluir não é obedecer a lei para não sofrer sanções. Incluir é um ato de amor (não confundir com caridade), é o ato de acolher a todos, sem exceção, independente de raça, classe social, condições físicas e psicológicas. É o ato de perceber que somos todos iguais e diferentes ao mesmo tempo e que devemos respeitar estas diferenças. Se pararmos para pensar, não deveria sequer existir lei de amparo ao Autista, pois a criança deve ser aceita e respeitada dentro do sistema de ensino, bem como na sociedade. Deveria ser algo latente do ser humano, o de sempre procurar proteger os indefesos.

Portanto, a escola não deve ocupar apenas o papel de educação assistencialista. Levar ao banheiro, ajudar a organizar o material didático, arrumar o lanchinho e só. É isso que muitas escolas fazem. Na hora do envolvimento com as tarefas pedagógicas e mesmo com as extra-curriculares, isolam o autista, uma vez que ele "atrapalha" o desenvolvimento do grupo. E assim a escola colabora cada vez mais para o atraso no desenvolvimento desta criança e para a diferenciação desta com os demais. Não preciso nem mencionar aqui, neste momento, que muitas escolas não percebem onde se inicia o bullying e depois que percebem não conseguem acabar com ele.

Pais, mães, avós, cuidadores de autistas em geral, não aceitem essas condições! Lutem para que seu autista tenha tratamento adequado no ambiente escolar! Escola não deve fazer favores. Escola tem que trabalhar junto às famílias e aos profissionais que assistem tais casos, procurando as melhores condições para o desenvolvimento de todos os alunos envolvidos nesse processo. A Escola recebe pra isso e coloca-se na posição humanitária que deve estar. Se a escola for pública, está recebendo verba do governo para que funcione. Se não estiver dentro dos parâmetros, denuncie.

Costumo dizer que criamos e educamos nossos filhos com amor e com todo o instinto presente dentro de nós. Mas, ao lidarmos com crianças no campo profissional, além de amor e instinto, devemos impor a ética e o respeito acima de tudo. Aquele que busca trabalhar com crianças, seja em escolas, hospitais, parques ou mesmo lojas de brinquedos, deve ser habilitado para tal função. Deve estar aberto à doçura, à ingenuidade, aos medos e receios, às dúvidas e anseios de todas as crianças que passarem pelo seu caminho. 



Então mãos à obra na busca de uma escola que respeite e que não pratique a falsa inclusão. Muita paciência será necessária! Procure cercar-se de pessoas que conheçam mais deste assunto e que possam indicar instituições adequadas, sejam escolas regulares ou especiais.


Um fim de semana azul para todos!
Abraços!

Loana Teixeira
Convívio Azul


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